sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Crônica: Junto-junto





Lembro que quando eu tinha uns catorze/quinze anos morria de medo de passar o colegial inteiro sem namorar. Sei lá por quê. Acontece que, no fim das contas, me descobri uma exímia namoradeira: sempre fui de me apaixonar fácil e no colegial tive algumas dessas paixões retribuídas (outras, nem tanto).

No entanto, namorar bastante não quer dizer nada. Tive 3 namoros extremamente infantis e imaturos, mas tudo bem porque eu era extremamente infantil e imatura. Tive namorados extremamente infantis e imaturos. E tá tudo bem. Não conheço ninguém que não seja infantil e imaturo aos 15 (e nem aos 23, hehe).

Meu último namoro já dura 4 anos (mas tivemos um intervalo significativo de quase 6 meses) e divido ele em duas partes: a parte “Junto” e a parte “Junto-junto”. Junto-junto não significa uma relação perfeita – longe disso. Significa uma relação que não tem medo de mudar, de construir, de desconstruir. Significa que tem duas pessoas ali, dispostas a se ajudar, a se respeitar, a ensinar um ao outro como se ama. Como se gosta de ser amado. Deu pra entender?

Ficar junto é uma delícia, mas ficar junto-junto é libertador. É quando você dá espaço pra felicidade do outro e não abre mão da sua. É quando você discorda do outro pra ele, mas não pros outros. Junto-junto é quando vocês formam um time. É quando vocês jogam frescobol ao invés de tênis. É quando vocês podem estar solteiros, só que juntos. Sabe?

            Liberdade nada tem a ver com “ir pra balada sozinho” (mas se deixar felizinho, também tá valendo!). Liberdade tem a ver com poder falar, saber escutar e respeitar – e vale dizer aqui que respeitar não é a mesma coisa que concordar. Respeitar é ouvir o que o outro tem a dizer e tentar compreendê-lo.

            Eu aprendi a ficar junto-junto quando descobri que ficar junto não era o suficiente, mas separado também não. Quando descobri que fazer a vontade de alguém não é só “fazer o que ele quer”. É transformar a vontade dele na minha vontade também. É se deixar descobrir coisas sobre você que você nem imaginava que gostaria – tipo eu fazendo trilha. Alguém já tinha imaginado eu fazer trilha? E gostando disso?

Junto-junto é dividir momentos maravilhosos. É dar as mãos e deixar os olhos encherem d’água porque vocês viveram aquilo juntos (juntos). É quando uma simples ida ao mercado pra comprar óleo vira um passeio legal porque vocês não querem que seja chato. Quando aquela viagem de carro, em silêncio, vira uma de suas memórias preferidas, só porque você estava com ele.

É quando Chico Buarque faz sentido pra você, quando canta que acha uma delícia “quando você esquece seus olhos em cima dos meus, ou quando sua risada se confunde com a minha.”

Beijos!

(Foto do post somos eu e meu gato pelos olhos da @zoiudinha )
2 comentários on "Crônica: Junto-junto"
  1. adorei o texto! acredito que o respeito é tão essencial quanto o amor em um relacionamento saudável. é uma delícia descobrir que a gente pode ser dois e continuar sendo um, né? <3

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    1. Olha só, queria ter tido a ideia dessa frase antes de você! Hahahahaha é muito bom descobrir que a gente pode ser dois e continuar sendo um.

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